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Falar de relações raciais mais justas passa por disputar narrativas, fortalecer o pensamento crítico e reconhecer a ancestralidade. Essas ideias conduziram a live “Consciência Negra: cultura e educação na construção da equidade racial”, realizada nesta quarta (26) pelo Sindjufe-BA e transmitida pela TV Sindjufeba, canal do Sindicato no Youtube.

Parte da agenda do Novembro Negro, o encontro foi organizado pelo Núcleo de Combate às Opressões e teve mediação do dirigente Sandro Sales e da servidora e mestra em segurança pública Fernanda Portela. Participaram o educador e vereador de Salvador Hamilton Assis; a artista e pesquisadora Amanda Cristie e o professor e pesquisador Júlio Angelo. O público enviou perguntas que ampliaram o debate sobre identidade, branquitude e a construção de futuros democráticos.

O dirigente Sandro Sales abriu a conversa reforçando que Consciência Negra não é homenagem ou formalidade, mas uma lente para encarar o país com honestidade. “Somos o sonho de nossos ancestrais”, afirmou ao lembrar que, 137 anos após a abolição, pessoas negras seguem fora dos espaços de decisão enquanto representam a maioria das vítimas de violência e desigualdade, como os 88% mortos pela polícia em 2023. Sandro criticou a ideia de que o Brasil já avançou o suficiente e defendeu políticas de reparação, como o Fundo previsto na PEC 27, além da ocupação de espaços de poder para enfrentar o genocídio da população negra.

Em seguida, Fernanda Portela destacou que o enfrentamento ao racismo precisa fazer parte do cotidiano sindical. “Um sindicato que não enfrenta o racismo, o machismo e outras opressões não está defendendo plenamente a classe trabalhadora”. Ela lembrou que discutir raça no serviço público é discutir cuidado coletivo e condições dignas de trabalho. “Quando fortalecemos o Núcleo de Combate às Opressões, estamos fortalecendo a própria categoria”.

Educação crítica

Primeiro palestrante, o vereador Hamilton Assis analisou como a educação e a cultura no Brasil ainda atendem a interesses de grupos privilegiados. Segundo ele, esses campos “continuam organizados para sustentar interesses das elites” e funcionam como “instrumentos de reprodução das ideologias dominantes”. O parlamentar defendeu a efetivação da Lei 10.639, do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, além do enfrentamento ao negacionismo. “A educação só será transformadora se for laica, democrática, inclusiva, antirracista e socialmente referenciada”.

Amanda Cristie trouxe a arte como território central de uma disputa simbólica e política. A artista defendeu o direito de pessoas negras narrarem suas próprias histórias e criticou o apagamento estrutural: “Quando uma pessoa negra não reconhece sua ancestralidade ou sua produção artística, isso não é acaso, é projeto político”. Ela reforçou a importância da memória, da visibilidade e da autonomia para romper silenciamentos.

Por fim, Júlio Angelo aprofundou as reflexões ao mostrar como o esquecimento opera como uma violência que molda o país. Ele destacou a arte como campo de resistência e pesquisa, denunciou a precarização da produção artística negra e alertou para a necessidade de regular grandes empresas de tecnologia. Para Júlio, “a arte provoca fissuras no senso comum e amplia nossa capacidade de escuta, que é essencial para reconhecer a diferença como fundamento da equidade”.

Esperançar

Na segunda parte da live, as perguntas do público ampliaram o debate sobre o pacto da branquitude, a produção de conhecimento comprometida com justiça racial e a mobilização de sujeitos políticos. Uma dessas perguntas provocou nos debatedores e mediadores a ideia de esperançar, que guiou o encerramento da conversa.

A gravação está no Youtube, para acesso e compartilhamento de todas e todos. Clique aqui para acessar.

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