Em entrevista à Rádio Metrópole nesta segunda-feira (11), Costa afirmou que o funcionalismo público tem "tendência à inércia" e que o presidente, governadores e prefeitos precisam "pisar no calcanhar" e "fungar no cangote" de servidores(as) "para as coisas andarem".
De conteúdo desconectado das questões contemporâneas sobre o mundo do trabalho, a fala do ministro carrega também uma visão estereotipada do serviço público, que o desqualifica com a intenção última de extinguir este que é um importante direito de cidadãos e cidadãs, garantidor de assistência gratuita a todos e todas.
O tom pseudo espirituoso segue equivocado, como quando comparou a Polícia Militar ao "artilheiro em frente ao gol" para justificar a injustificável chacina do Cabula. Em 2015 uma ação da PM resultou em 12 mortes naquele bairro, e Costa era o governador da Bahia.
Rui, onde esteve, sempre atacou o serviço público, seja federal ou estadual. Atuou contra nosso PCS à época e, na Bahia, impôs a reforma administrativa e previdenciária ao serviço público estadual, em um momento em que o Brasil lutava contra isso na Câmara Federal.
A fala do ministro revela total abandono da sua história de sindicalista na decada de 80, quando lutava ombreado por trabalhadores e trabalhadoras.
Em época de disputas oportunísticas sobre o papel do estado e do serviço público, com demonização dos(as) servidores(as), Rui se coloca a favor da sua redução e alimenta o descrédito no(a) trabalhador(a) público(a). A quem ou a qual grupo isso interessa? Estaria Rui no grupo certo?
Não há inércia, ministro! Ao contrário! Mesmo sob ataques de todas as formas, até de quem deveria o defender, os servidores e servidoras seguem atuando em alinhamento aos princípios do serviço público, que salva vidas!
Foi graças ao Serviço Único de Saúde (SUS), aos profissionais da saúde e aos demais servidores(as) que se arriscaram ao vírus, que o país seguiu funcionando durante a pandemia, apesar do governo negacionista e declaradamente anti-servidor!
Servidores e servidoras têm um histórico de resistência em defesa do povo e dos seus direitos civis, trabalhistas, sociais, em atuação em todas as áreas, seja na educação, na fiscalização, na realização de eleições, mantendo de pé a democracia ou ampliando acesso a ela.
A um ministro que compõe um governo democrático e progressista não cabe o papel de inimigo dos servidores e servidoras deste país. Antes disso, cabe a escuta para o diálogo, reconhecendo que há muito o que ser reconstruído no Brasil, e se dispor a fazê-lo, não a se somar aos que querem destruí-lo!
Sindjufe-BA - Gestão Unidade na Resistência