SINDJUFE-BA

O bárbaro assassinato da Yalorixá repercutiu no mundo, causando revolta e consternação, e reforçou a luta contra o encarceramento e morte que acomete em quase totalidade ao povo negro. O Sindjufe/BA esteve presente junto a diversas Entidades locais e nacionais.

Na manhã desta quinta-feira diversas entidades do Movimento Negro protestaram em vários estados do País. Na Bahia o ato foi em frente à Igreja do Bonfim, em Salvador. O protesto ocorre uma semana após a covarde execução de Mãe Bernadete, e além da homenagem a ela e exigência de averiguação e punição aos assassinos, a pauta era também contra a violência e genocídio da população negra brasileira, que acontece em todo o país. Ali foi lembrado que a Bahia é o estado mais letal para a população negra do Nordeste, onde foram registradas 6.659 mortes violentas intencionais em 2022, segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em Salvador, no ano de 2011 foram registrados 299 assassinatos cometidos pelos agentes de segurança baianos, destes 298 (vítimas) eram pessoas negras (pretos e pardos), sendo apenas uma vítima branca.

Esses dados reforçam que o racismo está presente também nas instituições e nas ações governamentais que instrumentalizam a violência. Sendo o Brasil um país com profundas feridas coloniais e raciais, em 2023 ainda precisamos dizer “Vidas Negras Importam”.

A dirigente do Sindicato, Denise Carneiro, esteve no ato e lembrou que o crime contra Mãe Bernadete foi um crime de extremo ódio contra os povos tradicionais, e o crime, que se relaciona com a disputa de terras dos quilombos, exige uma posição firme das autoridades e instituições na conclusão da titulação das terras quilombolas e proteção aos povos que ali vivem para quem o solo é sagrado. Estiveram também no ato o servidor da JFBA JaIlson Lage e Romeu Cordeiro, do TRT5. Diversos outros sindicatos da categoria do PJU estiveram nos atos nos seus respectivos estados.

O representante da CSP-Conlutas que falou ao microfone, Hamilton Assis, lembrou dos altos índices de violência nas periferias. “Nos últimos períodos o nível de letalidade da polícia militar tem aumentado sistematicamente atingindo pessoas inocentes e tratando generalizadamente as comunidades populares como criminosas. Portanto, consideramos que essa ação da polícia representa a continuidade da prática racista estrutural em nossa sociedade. Isso precisa acabar!”, define Hamilton.

Os dados mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado também apontam para um cenário desolador: entre julho de 2022 e junho de 2023, nos 13 municípios que compõem a Grande Salvador, foram registrados 1.545 tiroteios, que culminaram em 1.422 vítimas, destas, 1.097 morreram. Em média, 39 pessoas são baleadas por mês durante ações ou operações policiais. Apenas no mês passado, foram mapeados 178 tiroteios, com 151 pessoas mortas.

O ato foi finalizado com a missa de sétimo dia da execução de Mãe Bernadete na Igreja do Bonfim, às 11h30. Durante o ato, as entidades relembraram que seguirão em marcha até que haja Justiça para Mãe Bernadete e que acabe a política de genocídio para a população negra.