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Notícia postada dia 15/07/2021

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EDITORIAL: Mais Canudos! Menos Golpismo!

EDITORIAL: Mais Canudos! Menos Golpismo!

Os brasileiros foram alvos de ameaças golpistas, novamente,  na última semana. Bolsonaro segue em sua saga para desacreditar o sistema eletrônico de votação e, consequentemente, o processo eleitoral como um todo. Processo do qual sempre participou e pelo qual se elegeu 6 vezes Deputado Federal e 1 vez Presidente da República (isso considerando apenas as votações eletrônicas). O mesmo Bolsonaro que, por várias vezes, descacreditou o processo eleitoral norte-americano, que é realizado através de votações convencionais e afirmou, sem apresentar nenhum dado concreto, que a derrota de seu ídolo e mentor, Donald Trump, decorreu de fraude. A verdade é que Bolsonaro não acredita em eleições e em Democracia. Seu sonho é governar ditatorialmente como, por diversas vezes, ficou claro nos atos golpistas e antidemocráticos que ele  estimulou e participou, com  financiamento feito por seus aliados e familiares.

Contudo, além de Bolsonaro, as ameaças foram ecoadas pelo ilegal, mas sempre presente PGM (Partido Golpista Militar). Após serem levantadas evidências, pelos senadores que participam da CPI da CoViD-19, que militares cometeram crimes, a reação do PGM foi,  ao invés de abrir inquérito para investigar as denúncias, ameaçar os senadores e o regime democrático burguês.

Em nota, o Ministro da Defesa e os comandantes das três armas, afirmaram que “não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.  Nenhum comentário sobre os crimes de  falsidade ideológica, falso testemunho e prevaricação, atribuídos ao General Eduardo Pazuello e ao Coronel Écio Franco, quando ocupavam cargos civis no Ministério da Saúde.

O Ministro da Defesa, Braga Neto, e seus comandados esquecem que as “Instituições que defendem a democracia” são as mesmas protagonistas do Golpe de Estado de 1964, que jogou o país numa noite de 21 anos! Aliás, a história das forças armadas no Brasil está repleta de episódios, que embora contados com orgulho, deveriam ser motivo de vergonha. O mais emblemático deles talvez seja o massacre do Arraial de Canudos. 

Canudos foi o primeiro grande enfrentamento, que a burguesia liberal brasileira precisou encarar após a Proclamação da República. República esta, por sinal, fruto de uma quartelada. Algo que se tornaria recorrente na história da República brasileira.  Canudos foi fruto da injustiça agrária brasileira. Foi o resultado de uma burguesia incapaz de realizar tarefas democráticas mínimas, como a extinção das grandes propriedades agrárias e a democratização da terra. Canudos representava para os sertanejos uma sociedade justa e livre, onde os meios de produção eram compartilhados e a apropriação do fruto do trabalho também era coletiva. Uma ilha no meio da pobreza, violência e injustiça patrocinadas pelos coronéis. Por isso mesmo, a burguesia não tardou a mobilizar seu braço armado e “as Instituições que defendem a liberdade do povo brasileiro” entraram em cena para, após ser humilhada pelos sertanejos por três vezes, lançar mão de uma covardia sem limites, assim descrita por Euclydes da Cunha: “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados”.

A verdade é que as forças armadas brasileiras sempre cumpriram o mesmo papel que cumprem todas as forças armadas dos estados burgueses: i) patrocínio de guerra imperialista com outros estados, como na campanha do Haiti; ii) dentro das próprias fronteiras nacionais, como já apontava Karl Marx nO 18 de Brumário de Luís Bonaparte, o de limitar o ideário de igualdade e liberdade da burguesia, quando a classe trabalhadora resolve levá-los muito à sério, como foi o caso de 1964. A liberdade e a igualdade no regime democrático burguês se aplicam apenas à burguesia! 

Contudo, se é verdade que a democracia burguesa é limitada, sabemos que o regime ditatorial burguês é ainda pior. Se é verdade que não temos nenhuma confiança neste congresso, que ataca nossos direitos e que, agora mesmo, transfere para o capital internacional, o patrimônio dos trabalhadores brasileiros e tenta aprovar a PEC 32/2020 ( que extingue o serviço público), temos ainda menos confiança naquelas instituições, que torturaram e mataram centenas de brasileiros, para promover o enriquecimento de construtoras, impérios de comunicação e similares, sem que nada pudesse ser questionado. 

Os trabalhadores brasileiros não aceitarão este retrocesso. Seguiremos vigilantes para construir mais Canudos e derrotar toda ameaça de golpismo.

IMPRENSA SINDJUFE-BA



 

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