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Notícia postada dia 14/06/2021

Notícia postada dia 14/06/2021

EDITORIAL: *Sindicato que só faz política e não luta pelas causas dos afiliados*

EDITORIAL: *Sindicato que só faz política e não luta pelas causas dos afiliados*

O título do editorial deste mês foi extraído de um comentário feito em uma postagem no perfil do Instagram do SINDJUFE-BA. Curiosamente, se tratava de uma postagem da campanha contra o desmonte do estado brasileiro, contra a retirada de direitos dos servidores públicos, contra a PEC 32/2020 (Reforma Administrativa). Uma postagem, que questionava os efeitos da EC do Teto dos Gastos, que congelou os nossos salários por dez anos e retirou 20 bilhões de reais em investimentos na saúde pública no ano de 2020. Se não estas, não conseguimos identificar quais são as “causas” mais importantes no contexto atual para os nossos filiados. Contudo, como esta é uma discussão recorrente, e variações a la “nosso partido é o Brasil”, reescritas como “nosso partido é o servidor”, que são usadas para atacar as direções do movimento, que se reivindicam de esquerda, achamos que este tema valeria um editorial da nossa direção.

O sindicalismo continua sendo o movimento social mais importante da nossa sociedade. Mesmo em um país, onde boa parte dos trabalhadores se encontra na informalidade (aqui fica um gancho para a importância do debate de uma central sindical e popular, capaz de absorver outros movimentos sociais para além dos trabalhadores organizados em sindicatos, que ficará para outra oportunidade) e com toda a crise que o movimento atualmente enfrenta com quedas recordes na taxa de sindicalização, ainda assim, o sindicalismo organiza  uma massa de mais de dez milhões de brasileiros. É quase cinco vezes mais que o partido político com o maior número de filiados no Brasil, o MDB, com todo o seu pragmatismo e distribuição de cargos públicos.

É óbvio, que um movimento com esta força e tamanho, formado exclusivamente por trabalhadores incomoda e muito os setores da burguesia. A reforma sindical de Temer, os ataques do Bolsonaro, mas principalmente a propaganda ideológica, que busca retirar o debate político dos sindicatos, como se isso fosse possível, são alguns elementos desta luta, que busca enfraquecer os sindicatos e impulsionar o individualismo, e suas variações (meritocracia, empoderamento, etc.) tão comemorados e idolatrados pela burguesia. 

O fato é que para o capitalismo, a força de trabalho é uma mercadoria como qualquer outra, deste modo, a forma que o capitalista tem para aumentar seu lucro é reduzindo o valor deste “insumo” na produção de capital, ou seja, através da concorrência entre os trabalhadores: “eu aceito este trabalho nestas condições ruins, sob pena de ser substituído por outro”.

Os sindicatos se constituem na primeira organização na qual os trabalhadores substituem a concorrência pela solidariedade. A organização sindical, com suas lutas, greves e fóruns de debate, é exatamente o oposto deste elemento vital para o funcionamento do sistema capitalista. Evidente, que a organização sindical pode proporcionar mais que isso, sendo verdadeiro laboratório da capacidade de auto-organização da classe trabalhadora, um experimento das possibilidades em uma sociedade dirigida por e pela classe.

Nós não escondemos que o sindicalismo é política. Seja na luta pelas pautas corporativas e cotidianas, seja no seu enlace com a pauta mais geral, com a qual ela inevitavelmente está entrelaçada. Como imaginar aumento salarial, quando a EC95/2016 congela os gastos com o setor público? Como imaginar a possibilidade de fazer com que as administrações assumam a responsabilidade pelos gastos com a saúde do servidor, se a EC109/2021 congelou as despesas com as verbas indenizatórias? Como pensar a segurança e as condições de trabalho, quando Bolsonaro recusou 11 ofertas de compra de vacinas? 

Em uma sociedade dividida em classes, a política é sobre disputa de poder e de interesses e não há como o sindicato disputar o interesse dos seus filiados, se não for através da disputa política. No caso dos sindicatos do setor público isto ainda é mais evidente, pois o nosso patrão de fato (não o de direito, que deveria ser a sociedade) é o governo.

Não compreender isso é de uma cegueira e de uma ingenuidade absurda. Ou talvez, como no caso deste comentário feito por um perfil fake, seja parte da disputa ideológica da burguesia, que tenta destruir nossa organização por dentro e por fora. Sendo assim, se for este o caso, estamos incomodando a quem devemos incomodar e acreditamos que as nossas postagens e propagandas estão no caminho certo.

 

DIRETORIA COLEGIADA DO SINDJUFE-BA - Gestão Democracia & Luta

 

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