Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Mestre Moa do Katendê, foi um Compositor, Percussionista, Artesão, Educador e Mestre de Capoeira brasileiro.
Discípulo do Mestre Bobó, Moa começou a praticar capoeira no terreiro de sua tia, o Ilê Axé Omin Bain, no Dique Pequeno, onde nasceu. Mais tarde envolveu-se com o grupo Viva Brasil, da Folclorista e Pesquisadora Emília Biancardi. Antes de formar o Badauê, em 1978, compôs para o Ilê Ayê. Moa foi responsável, através do Badauê, por fazer uma mudança nos afoxés, juntando a contemporaneidade com a tradição. Essa mudança foi essencial para a retomada da tradição dos afoxés, que estava enfraquecida.
Caetano Veloso amplificou a voz de Moa, ao gravar "Badauê" em Cinema Transcendental. Caetano era tão impressionado com o ritmo do afoxé proposto por Moa, que compôs Beleza Pura, inspirado em seu trabalho. Moa do Katandê era o tal “moço lindo do Badauê” de "Beleza Pura", do mesmo album. Dois anos depois, Caetano voltaria a se referir ao bloco em "Sim/Não" de "Outras Palavras".
Moa foi assassinado, perto de casa, na região do Dique do Tororó, no dia do primeiro turno das eleições gerais de 2018. O ataque foi motivado por discussões políticas, após Moa declarar ter votado em Fernando Haddad. O assassino era eleitor do candidato adversário, Jair Bolsonaro.
Sobre sua morte, declarou o músico Nasca: "O lance que mais machuca é que quando morre um griô, não é uma mulher ou homem que morrem: é um pouco da cultura que se esvai. Ainda bem que ele rodou e ensinou. (...) e nesse ponto, num momento como esse de questionamento e de fratura do nosso povo, o assassinato de um griô é de uma simbologia assombrosa. É como se os que discordam estivessem dizendo: 'eu prefiro sua morte a entender seu ponto de vista'." Na tradição africana, um griô é um porta-voz da tradição oral, responsável por transmitir e preservar conhecimentos e a cultura.
Negro é a raiz da liberdade.
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