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Notícia postada dia 15/12/2016

Notícia postada dia 15/12/2016

Com quebra na base aliada, governo aprova PEC 287 de madrugada na CCJ

Com quebra na base aliada, governo aprova PEC 287 de madrugada na CCJ

Partidos da base aliada substituem deputados para assegurar votos favoráveis à PEC da Previdência; comissão especial fica para fevereiro

 

A Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, pouco antes das 3 horas da madrugada desta quinta-feira (15), a admissibilidade da proposta de emenda constitucional referente à Previdência Social. O governo obteve 31 votos favoráveis ao parecer do relator Alceu Moreira (PMDB-RS), apresentado em menos de 24 horas, enquanto 20 deputados votaram contra a admissibilidade da PEC 287/2016. Partidos da base aliada de Michel Temer (PMDB) chegaram a substituir deputados, às pressas e numa operação que teve a sua legitimidade e legalidade questionada, para assegurar votos favoráveis ao governo.

 

A votação decorreu de um acordo que levou a oposição a suspender a obstrução que fazia na sessão. Em contrapartida, o governo foi obrigado a recuar em sua intenção de instalar ainda esse ano a comissão especial que analisará a matéria. O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), anunciou o compromisso de só criar e instalar a comissão especial em fevereiro, após a eleição da Mesa Diretora da Câmara.

 

Mesmo com o acordo, a sessão iniciada à tarde se estendeu por 12 horas. A votação a altas horas da madrugada recebeu muitas críticas, inclusive de deputados da base aliada do governo – entre eles Esperidião Amim (PP-SC) e Rogério Rosso (PSD-DF). Rosso é um dos candidatos á Presidência da Câmara.

 

A Comissão de Constituição e Justiça aprovou a admissibilidade da PEC da Previdência – isto é, admitiu a sua tramitação por considerar que ela não afronta a Constituição Federal. O mérito da questão será debatido na comissão especial, que terá pelo menos 40 sessões. Com o adiamento da instalação da comissão especial, fica muito difícil para o governo Temer cumprir o cronograma por ele anunciado para a PEC – no qual previa votá-la em Plenário em abril, para então seguir para o Senado.

 

EBC e PLP 257

 

Por volta das 21 horas, a sessão foi interrompida por duas horas por conta de votações que se realizariam no Plenário da Câmara. O presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pôs em votação a polêmica medida provisória referente à EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). Depois, quando estava em pauta a nova versão do PLP 257/2016, que adota medidas de ‘ajuste fiscal’ permanente nos estados, suspendeu as votações para que os trabalhos na CCJ fossem retomados.

 

Os partidos de oposição, que vinham obstruindo a sessão da CCJ, ratificaram o acordo por considerar que ganham com isso tempo para combater a proposta. O governo Michel Temer (PMDB) possuía, em tese, ampla maioria para aprovar a PEC 287/2016 na comissão, mas a manutenção da obstrução estenderia a sessão ainda mais e talvez ela não tivesse sido aprovada na madrugada. O ‘acordo’ foi firmado pouco antes das 19 horas. 

 

Lideranças de partidos de oposição ressaltaram não aceitar negociar nada com relação ao mérito e afirmaram que votariam contra a admissibilidade. O temor da oposição era que o governo, aprovando a admissibilidade, instalasse imediatamente a comissão especial e os prazos regimentais para a votação da proposta começassem a correr – o que seria ainda mais significativo no caso de convocação extraordinária do Congresso Nacional em janeiro.

 

Disputas

 

O risco de a falta de quórum derrubar a sessão talvez explique a posição favorável do governo ao acordo. Mas o que provavelmente esteve por trás dessa movimentação foi a intenção de, por um lado, cumprir o cronograma de votação pretendido pelo Planalto para a CCJ e, por outro, não tratar da polêmica proposta concomitantemente com os previstos embates com relação à eleição do próximo presidente da Câmara. 

 

O governo também demonstrou insegurança com relação a sua própria base de apoio – que poderia rachar caso o acordo não fosse costurado, principalmente os setores que integram o chamado ‘Centrão’. Ao ponto de alguns deputados da base de Temer terem sido substituídos pelos respectivos partidos para ‘assegurar’ o voto a favor da PEC. Teria sido o caso da deputada Jozi Araújo (AP), do PTN, substituída por Alexandre Baldy (GO), como titular do colegiado. A troca ocorreu após a meia-noite. 

 

Requerimento

 

Pouco antes de o relator da proposta começar a ler o seu relatório – apresentado em menos de 24 horas após ser escolhido para relatar o assunto –, o PSOL solicitou a retirada da matéria de pauta, requerimento que acabou rejeitado. Anteriormente, a base governista já havia recusado a proposta de convocação de uma audiência pública para tratar do tema antes que se votasse a admissibilidade. 

 

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a emenda constitucional, se aprovada, porá fim à possibilidade de acesso à aposentadoria para a maioria dos trabalhadores no Brasil. Sobre a conta da Previdência ‘não fechar’, argumento do governo para defender a proposta, mencionou os devedores do INSS que não são cobrados, as isenções fiscais, a sonegação e as despesas com juros das dívidas públicas. “Num país que paga 510 bilhões por ano para banqueiro e rentista, claro que a conta não fecha”, disse. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) disse que são justamente os empresários sonegadores e devedores do INSS os que mais defendem a aprovação da reforma da Previdência. “São quase 500 bilhões de dívidas que não são cobradas”, afirmou.

 

Posicionaram-se contra a proposta, além do PSOL, a Rede, o PT, o PCdoB, o PDT e alguns parlamentares do PTB, do PP e do PSB.

 

LutaFenajufe Notícias

Por Hélcio Duarte Filho

 



 

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