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Notícia postada dia 09/12/2016

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STF mantém réu Renan, que na terça (13) pode presidir votação da 'PEC dos 20 anos'

STF mantém réu Renan, que na terça (13) pode presidir votação da 'PEC dos 20 anos'

 Supremo decide que Renan pode presidir o Senado, mas não pode presidir o país. ‘Foi acordo vergonhoso para votar PEC 55’, dizem servidores

 

A decisão do Supremo Tribunal Federal de manter o senador Renan Calheiros na Presidência do Senado fará com que um réu por peculato nesta corte e investigado em 11 inquéritos tenha papel preponderante na votação de uma emenda constitucional que, se aprovada, terá impactos profundos no país pelas próximas décadas. Por seis votos a três, os ministros decidiram que Renan está apto para presidir o Senado, mas não pode presidir o país.

 

Para chegar ao resultado que manteve o senador alagoano no cargo, o STF contradisse processo similar que afastou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Também se chocou com o julgamento em curso no qual seis ministros já se posicionaram a favor do entendimento de que réus em ações penais não podem ocupar cargos que se encontrem na linha sucessória do presidente da República. A ação está parada devido a um pedido de vista do ministro Dias Tofolli, que nesta quarta (7) votou a favor da permanência de Renan no cargo.

 

Por trás da decisão, há o reconhecimento praticamente explícito de ministros favoráveis a Renan de que a decisão tem relações políticas e econômicas e não legais. Isso ficou nítido já no primeiro voto, do decano Celso de Mello, também favorável a Renan. Ele disse que “não se justifica o afastamento cautelar", uma "medida extraordinária com grande impacto na agenda legislativa" em meio "à gravíssima crise que atinge e assola o país". Votaram ainda para manter Renan no cargo Teori Zavascki, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e a presidente do tribunal, Cármen Lúcia. Defenderam o afastamento Marco Aurélio Mello, relator do processo, Edson Fachin e Rosa Weber. Não participaram Gilmar Mendes, que está no exterior, e Luís Roberto Barroso, que se declarou impedido de julgar o caso.

 

Liminar desrespeitada

Na véspera, Renan havia se negado a cumprir a decisão liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, que determinou o imediato afastamento do senador do cargo que ocupava, em ação movida pela Rede Solidariedade. Em nota assinada por toda a Mesa Diretora, o parlamentar usou o calendário de votação da PEC 55 (241) entre os argumentos para não acatar a decisão liminar do Supremo Tribunal Federal que o destitui do cargo.

 

O parlamentar pemedebista tornou-se réu em ação do STF que analisa denúncia de que contas particulares dele teriam sido pagas por empreiteira – o caso é antigo e já levou Renan a renunciar ao cargo e à Presidência do Senado no passado para fugir da cassação por quebra de decoro. “É um acordo vergonhoso para garantir a PEC 55, uma gambiarra jurídica. Tira da linha sucessória, mas fica para atacar os trabalhadores”, critica o servidor Saulo Arcangeli, suplente na direção da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU).  

 

‘Papel do Judiciário’

 

Para o servidor da Justiça do Trabalho de São Paulo Tarcísio Ferreira, ex-dirigente da federação, essa contradição é “mais uma mostra do papel do Judiciário, junto com governo e Congresso”. Tarcísio destaca que o ‘pedido de vista’ foi convertido em instrumento para manobras jurídicas. Nesta quarta-feira (7), serviu para assegurar que a proposta que congela as despesas federais não-financeiras por 20 anos e favorece os credores das dívidas públicas seja apreciada no Plenário do Senado na terça-feira (13), dia em que devem ocorrer novos protestos populares. 

 

Ao votar na tarde desta quarta (7), Marco Aurélio afirmou que não afastar Renan seria um “deboche institucional”. A contundência dos discursos do relator e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também favorável ao afastamento, fez o jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista de “O Globo”, divulgar nota na qual via como possível a derrota de Renan, considerada improvável no início da sessão, já que a presidente Cármen Lúcia teria articulado um acordo no qual ele seria mantido no cargo, mas excluído da linha sucessória da Presidência da República – o que contraria o que está previsto na Constituição Federal.

 

Como se viu, a aposta do colunista de “O Globo” não se confirmou. O que se confirmou foi a desconfiança de que os ministros da mais alta corte do país se sentem à vontade para definir seus votos de acordo com as circunstâncias e interesses que não estão, ou não deveriam estar, nos autos. Por outro lado, é inegável que o episódio expôs o Supremo – e provavelmente reflete um receio de que a impopular ‘PEC do fim do mundo’, como a apelidaram os movimentos que a contestam, e a mais impopular ainda reforma da Previdência, enviada ao Congresso Nacional no mesmo dia do afastamento de Renan, correm o risco de patinar caso não sejam votadas às pressas.

 

LutaFenajufe Notícias

Por Hélcio Duarte Filho

Quarta-feira, 7 de dezembro de 2016



 

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