Sete em cada 10 aprovados em concursos públicos são mulheres. Não por acaso, elas são maioria nas salas dos cursinhos preparatórios e têm tudo para, com o tempo, mudar a cara do setor público, ainda predominantemente masculino. Nos três poderes, as mulheres só estão em pé de igualdade no Judiciário Federal: eles são 35,8 mil e elas, 35,7 mil. A menor representação do sexo feminino está no Legislativo: os homens são 5,7 mil e as mulheres, 3,2 mil.
Cobrança
No que depender da estudante Daniella Caetano, 37 anos, a predominância das mulheres no serviço público será irreversível. “Se somos maioria da população, temos que estar mais bem representadas entre os servidores”, afirma. Ela estuda há três anos para concursos públicos. Seu sonho é ser policial. “Sei que é uma área tipicamente masculina, mas tenho convicção de que posso desempenhar todas as funções de igual para igual. Tenho força e inteligência”, enfatiza.
Daniella ressalta que as desigualdades que se vê no setor público também são gritantes no setor privado. “Felizmente, entre os servidores, creio que a discriminação é menor. Por isso, anseio passar em um concurso”, diz. Mas ela reconhece que outros atributos a levam a dedicar várias horas do dia aos estudos: a estabilidade no emprego e os salários maiores que a média de mercado. “São vantagens que fazem muito a diferença e justificam todo o esforço”, emenda.
Convicta, Amanda afirma que a sua aprovação em uma seleção pública virá rapidamente. O professor Pugsley não duvida. “Na grande maioria dos casos, as mulheres se mostram mais dedicadas em tudo o que fazem”, destaca. Ele ressalta que isso, inclusive, é visível no setor público. “As mulheres se mostram mais dedicadas nas funções que ocupam em comparação aos homens”, afirma. O empenho em prestar o melhor serviço fica maior quando elas ocupam cargos de chefia.
Dicas
Segundo o professor Aragonê Fernandes, independentemente de homem ou mulher, os concurseiros que pretendem ser aprovados devem seguir algumas regras básicas. A primeira delas, a dedicação. “Para isso, é essencial traçar um planejamento de médio e longo prazos”, ensina. Outra dica importante é ter persistência. Mesmo que se faça alguns ajustes no meio do caminho, não há porque desistir. “Para quem tem o pensamento curto, o cenário é desanimador. Quem pensa alto colhe os bons frutos”, afirma.
Discriminação
As mulheres representam hoje 42% da força de trabalho no Brasil, mas sua participação, em certas áreas, ainda é escassa. Pesquisa recente sobre a presença feminina em diversos setores da economia brasileira mostrou que apenas 8% dos cargos de direção eram preenchidos por mulheres. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário das executivas é, em média, 30% inferior ao dos executivos no Brasil.
Seleção na Câmara
A Câmara Legislativa foi autorizada a fazer concurso para reforçar seu quadro de pessoal. Devem ser abertas 30 vagas para cargos de nível superior. Esses postos representam 10% do deficit de pessoal estimado pela presidente da Casa, Celina Leão. Os salários iniciais previstos são de R$ 22.812. “Se conseguirmos vencer a burocracia, faremos o concurso ainda este ano”, diz a deputada. Serão selecionados técnicos analistas e consultores.
Fonte: Correio Braziliense