SINDJUFE-BA

 HOJE DIA DE LUTO…

Já utilizamos muitas vezes este luto para definir as nossas dificuldades financeiras. Já nos vestimos de preto para dizer da indignação e da revolta que nossos corações encontram quando nosso grito de apelo e socorro é ignorado por quem deveria ser o primeiro a estar preocupado com nossas dificuldades, nossas dores, nossas angústias.

Ao invés disto, temos sarcasmo, exclusão, intolerância, indiferença. Parece que não fazemos parte do mesmo PODER que não estamos no mesmo barco, remando para o mesmo rumo. O que parece é que todos nós servidores servimos e continuaremos servindo a uma vontade muito maior, mais forte, mais gananciosa e articulada. O PODER que deveria emanar do povo, pelo povo e para o povo, conclama que o cidadão comum  converta-se em servidor da Pátria e em nome desta mesma Pátria escraviza-nos , oprime-nos , culpa-nos por estamos trabalhando dia após dia para que a Pátria seja amada, seja querida, seja respeitada e cumpra o seu papel.

O papel de dizer o direito, de aplacar os conflitos e guardar a LEI. Uma lei que concede-nos a recomposição salarial anualmente e que está ali no “livrinho“, até com a Carta Magna fazem chacota e como é que a respeitarão? “Livrinho” foi a isto que os nobres parlamentares reduziram nossa Constituição, trabalhada, sonhada, elaborada para que as garantias nos fossem disponibilizadas.

Mas no cenário nacional o que vemos é MORTE, LUTO; morte das convicções, das ações, dos desejos, dos sonhos. Morte real dos colegas que nesta inglória luta deram sua vida, colegas como ÉLCIO (Élcio Berer Kozminski), FRANCISCO (Francisco Pereira Ladislau Neto) e agora PEDRO AUGUSTO (Pedro Augusto de Carvalho Mohn), neste domingo passado faleceu também em um acidente de carro o colega LEONARDO LÍVIO do TRE da PB.

MORTE, LUTO

Quantos mais??? O SINJUSPAR solidariza-se com todas as famílias que perderam seus entes queridos neste último ano desde que empreendemos nossa histórica greve. Baixas de guerra, uma guerra injusta, sangrenta, agora velada. O PODER nos quer mendigando, migalhando, sofrendo e pior que fiquemos calados ante seu despótico agir.

Cada morte precisa apenas de uma desculpa. Temos muitas, mas a pior de todas é a morte da vontade, dos sonhos. Quantos de nós esperavam poder viver uma vida de um SERVIÇO BEM PRESTADO, reconhecido e aclamado como bom, BOM TRABALHO!!! Para no final da nossa carreira podermos desfrutar de todo o bem que plantamos ao longo de nossas vidas, doadas, desgastadas, sofridas, mas com o gosto bom de dever cumprido.

Como é difícil aos mais elevados na hierarquia funcional reconhecer que os seus COLABORADORES fazem um BOM TRABALHO, como é difícil um obrigado, um aperto de mão, um incentivo.

PEDRO caiu? Sim PEDRO caiu, mas por quê? Qual pensamento desesperador passou pela mente deste SER HUMANO maravilhoso, cheio de vida, sonhos, possibilidades???? Desespero? Dívidas? Dúvidas? Falta de reconhecimento? De perspectiva?

O PJU/MPU perde. O Governo perde. O Brasil perde.

Não há vencedores contra a morte. Temos que repensar a nossa vida. Seguir lutando. Não temos aqui a intenção de transformar ninguém em mártir. Mas temos que abrir nossos olhos quando nosso trabalho começa a ser motivo de doenças, licenças, tratamentos, morte.

Já perdemos bons amigos ao longo de nossa trilha, de nossa caminhada profissional. Às vezes nos enganamos achando que é normal, mas o índice de baixas em nossa fileiras está muito alto. Por isto estamos de LUTO. Por isto nos comprometeremos de nos mantermos alertas, de ajudarmos uns aos outros, porque cabe a todos nós e a cada um evitarmos que outras tragédias como a vida ceifada de PEDRO AUGUSTO ocorra no meio de nós por falta de uma palavra amiga, de um sorriso, de um abraço, de uma conversa, de um café.

Café? Nem temos mais café. Pode isto? Na capital mundial do café? Até quando sufocaremos o grito de LIBERDADE que está encravado em nossa garganta? Até quando deixaremos que uma implosão de dor nos leve ao cúmulo de atentar contra o nosso maior bem tutelado? A VIDA !!! Este é o nosso maior bem.

Vamos todos pois e nos unamos em LUTO para uma grande LUTA de vitória, em nome de PEDRO AUGUSTO, de LEONARDO LÍVIO, de FRANCISCO, de ÉLCIO e de tantos outros que não nos foram apresentados e que tiveram seu epitáfio sem nossa leitura por mero desconhecimento.

Desejamos que estas palavras lavradas de um coração contrito nos impulsionem a levantarmos nossas cabeças, fazermos nossas orações, prestarmos nossas homenagens e em nome deles, por eles, por suas famílias e por todos nós, seguirmos porque JUNTOS SOMOS MAIS e precisamos de todos juntos para alcançar o reconhecimento merecido, o conforto e tranquilidade no trabalho e a decência no momento de nossa aposentadoria, para que a morte, única certeza da vida não nos pegue em uma cilada, mas aconteça no sono do justo, brandamente, suavemente, tranquilamente como sempre deveria ser, lá bem longe avançados na idade, lúcidos na ideia e felizes e realizados em nosso coração.

GLÁUCIO LUIZ DA SILVA

Coordenador de Comunicação e Imprensa Sindicato dos Servidores da Justiça

Federal e Eleitoral do Paraná