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Notícia postada dia 29/07/2015

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Sem querer, Lewandowski 'reforça' acerto da greve para aprovar reajuste

Sem querer, Lewandowski 'reforça' acerto da greve para aprovar reajuste

Servidores avaliam que ao admitir em Cuiabá que jamais houve proposta fechada, que nada fará para derrubar veto e que o parâmetro do que negocia é 4 anos, presidente do STF ratifica, sem querer, acerto da luta para aprovar PLC 28 e da greve contra o veto e por negociações em outro patamar

 

O reconhecimento por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de que jamais houve proposta de acordo fechada e muito menos apresentada aos trabalhadores do Judiciário Federal em contrapartida ao PLC 28, reforça o acerto da decisão da categoria de lutar pela aprovação do projeto e, agora, de manter a greve pela derrubada do veto.

 

É o que avaliam dirigentes sindicais ouvidos pela reportagem, que observam ainda que é a força da mobilização e da pressão para que o Congresso Nacional reveja o veto da presidente Dilma Rousseff (PT) que poderá levar à negociação que pode assegurar não só o reajuste que reponha as perdas, como os recursos necessários para implantá-lo. "À medida que você pressiona para derrubar o veto você também pressiona para que haja negociação", observa Pedro Aparecido, dirigente da federação nacional (Fenajufe) e do sindicato da categoria em Mato Grosso (Sindijufe-MT), que participou ao lado de outros servidores da conversa de quase uma hora com Lewandowski em Cuiabá, na sexta-feira (24), resultado de um longo dia de protestos da greve, que 'recebeu' o ministro na visita que fez à capital do estado.

 

Na reunião, o ministro admitiu que não foi apresentada proposta alguma a servidores antes da votação do projeto no Senado – como vêm sugerindo a direção-geral do tribunal e alguns sindicalistas que apoiam o governo – pelo inapelável motivo que não havia e nem há nada acertado sobre isso. É a segunda vez que ele desmente o seu auxiliar em duas semanas. Antes, teria afirmado que conversara com a presidente Dilma em Portugal sobre o PLC 28 e que seguiria negociando com o governo o projeto mesmo após o veto – algo, aliás, repetido na conversa em Cuiabá, relatada pelo jornalista Luiz Perlato e da qual também participaram os servidores Amer Khalil Okdi, Eliane Rodrigues e Rodrigo de Carvalho.

 

Negociações

Em Mato Grosso, Lewandowski disse ainda que as negociações estavam, na avaliação dele, avançadas quando o projeto passou no Congresso. Mas não é a primeira vez que o ministro sinaliza possíveis soluções para impasses nessa ou em versões anteriores do projeto de reajuste. Além disso, o presidente da mais alta corte do país deixou claro que a negociação que estaria sendo travada pelo STF passa pelo parcelamento da proposta em quatro longos anos. Todas as reestruturações de planos de cargos anteriores foram parceladas, o que significou perdas. Mas jamais por tão extenso período. 

 

O presidente do Supremo não entrou em detalhes sobre como seria esse parcelamento em negociação pelo tribunal - sem consulta aos servidores, é bom frisar. É possível que se enquadre nos parâmetros da contraproposta ofertada pelo Ministério do Planejamento ao conjunto do funcionalismo, com índices de reajuste previamente definidos para cada janeiro de 2016 a 2019, mesmo que com diferenças nos percentuais. Algo que tende a não repor nem as perdas futuras, muito menos as passadas. E bem distinto da aplicação do projeto em parcelas semestrais. O parcelamento em quatro anos já foi rejeitado pelo conjunto das entidades sindicais dos servidores federais de forma unânime.

 

Greve e pressão

Em praticamente todo o país, as assembleias da categoria aprovaram a manutenção da luta e da greve pelo reajuste salarial e pela derrubada do veto – mesmo tendo-se a consciência de que derrubá-lo é uma tarefa difícil e que exigirá muito dos servidores. Há um sentimento nacional no Judiciário Federal e no MPU de que não dá para confiar na promessa de uma incerta, nada transparente e unilateral negociação, na qual os trabalhadores nem sequer são consultados.

 

Isso, no entanto, não significa dizer que os sindicatos, a federação e os servidores se recusam a negociar. Ao longo dos últimos meses, foram eles os que mais defenderam e clamaram por negociações que solucionassem a questão salarial. O governo se limitava a pedir mais e mais prazos para chegar a um suposto acordo – o que na visão oficial do STF estava próximo quando o Senado votou o PLC 28. O que não explicam nem Lewandowski, nem o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, é porque não se acelerou em alguns dias ou horas as negociações para que algo concreto fosse apresentado ao Senado e aos servidores. A data da votação já era de conhecimento público há quase um mês.

 

Talvez seja mais sensato acreditar no que o próprio presidente do STF disse aos servidores em Cuiabá: eventual proposta que saia dessas conversas só será divulgada após o fechamento das negociações do governo com os servidores do Executivo. Ele não disse, mas é razoável supor que se isso é para valer é tanto para o momento atual quanto teria sido para 30 de junho, quando milhares de servidores foram às ruas exigir a aprovação do PLC 28.


Tramitação do veto

Não há data previsível para votação do veto. Mas se sabe, segundo a assessoria parlamentar da federação, que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), tem a prerrogativa de convocar a qualquer momento uma sessão extraordinária para tratar dos 18 vetos que já trancam a pauta. E que nada regimentalmente impediria a inclusão do PLC 28 nesse bloco. Há ainda a possibilidade de votação na próxima sessão ordinária, prevista para 18 de agosto, mesmo com o veto do reajuste só trancando a pauta do Congresso três dias depois. Tudo, porém, passa por acordos políticos entre as lideranças parlamentares do Senado e da Câmara, sobre os quais os servidores querem incidir. 

 

Para que um veto seja derrubado, é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados e senadores – 257 e 41, respectivamente. As duas casas têm que votar contra o veto. Caso uma delas não faça isso, ele é mantido. Antes de Dilma vetar o projeto, os sindicatos e servidores já haviam coletado mais de 300 assinaturas de deputados e 50 de senadores favoráveis à sanção do PLC 28. A empreitada continua, assim como a greve, que já enfrenta retaliações das administrações em alguns estados – respondidas com a manutenção da paralisação e da mobilização.

 

O número de parlamentares que declararam apoio não chega a assegurar nada. O governo trabalha no alto escalão para tentar impedir a derrubada do veto. Incluiu o PLC 28 na proposta de pacto com os governadores contra o que chama de 'pautas-bombas' do Congresso.  Alguns governadores tucanos, segundo o jornal "Folha de São Paulo", já teriam declarado apoio, entre eles o do Paraná, Beto Richa (PSDB), que ganhou notoriedade nacional ao lançar a tropa de choque da Polícia Militar contra professores no primeiro semestre desse ano.  "O governo tem medo que haja veto, se o governo tem medo é porque é possível", raciocina Pedro Aparecido, sem deixar de ressaltar os obstáculos que precisam ser superados para isso.

 

O presidente do STF, por sua vez, disse aos servidores que não se moverá pela derrubada do veto, embora ressalve que é um direito dos servidores fazê-lo. Após o governo, com certa cumplicidade do Congresso, desrespeitar o orçamento do Poder Judiciário e do MPU por seis anos consecutivos, Lewandowski disse que qualquer atuação sua avançaria sobre a autonomia de outro poder. "O STF foi desrespeitado e chamado de incompetente pelo Executivo e isso exige uma resposta muito mais firme do que a nota tímida [divulgada] pelo tribunal", diz Adilson Rodrigues, servidor da Justiça Federal em Santos (SP) e da coordenação da Fenajufe, referindo-se ao curto comunicado oficial emitido após o veto, justificado pelo governo com o argumento de que a lei é inconstitucional – nota que, apesar de limitada, avalia o servidor, só saiu por conta da imensa "pressão dos servidores”.

 

A questão orçamentária 

A avaliação de que é possível derrubar o veto com o fortalecimento da greve e a pressão sobre os parlamentares não se contrapõe à necessidade de também incidir sobre o governo e o Supremo para que as negociações ocorram, em patamares e circunstâncias naturalmente diferentes dos que o Planalto tenta impor com a já evidente anuência do presidente do STF. 

 

Por outro lado, parece fantasioso e até infantil a tentativa de sindicalistas ligados à CUT de emplacar a versão de que a categoria errou ao insistir na votação e que agora Dilma não só manterá o veto como se negará a negociar. A categoria sabe que existe o risco de o governo barrar o projeto, porém não porque ele foi aprovado no Senado. Mas porque é isso que sucessivos governos petistas fazem há seis anos sem que, ao longo desse período, jamais tenha sido apresentada uma única proposta alternativa e plausível de acordo. Para digerir os argumentos que veem no dia 30 de junho um desastre, é precisa acreditar que após ser derrotado no Senado numa votação tão contundente, o governo tenha saído fortalecido ao ponto de impor o reajuste zero aos servidores e se negar até a negociar.

 

O resultado da conversa com Lewandowski na capital mato-grossense, obtida à base da persistência, ensurdecedoras vuvuzelas e de afinada articulação, não confirmou apenas o que já se dizia. Também deixou mais cristalino que para construir um desfecho favorável nessa peleja os servidores dependem cada vez mais de sua força coletiva. E que isso passa tanto por lutar pela derrubada do veto, quanto por exigir que o STF faça a sua parte. Mesmo com a lei aprovada, ela só entra em vigor caso exista previsão de recursos para aplicá-la."O objetivo final é a reposição das perdas, queremos a lei por completo, com validade e eficácia. A experiência de três PCS nos diz que a [vitória] dessa luta termina no acordo orçamentário", afirma Adilson, ao ressaltar o momento ímpar que vive a categoria nessa campanha que busca corrigir perdas do passado e tecer um futuro diferente do que alguns tentam vender como inevitável.

 

Fonte: LutaFenajufe Notícias



 

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