BRASÍLIA – 10/02/10 – Reunidos na tarde desta terça-feira (09) na sede do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior), em Brasília, dirigentes de várias entidades nacionais que compõem a Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais) definiram uma série de tarefas para tentar impedir que o Projeto de Lei Complementar nº 549/09 (aprovado no Senado Federal como PL 611/07) seja aprovado na Câmara dos Deputados. A proposta, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, se aprovada, acarretará no congelamento dos salários de todo o funcionalismo público federal e também impedirá a administração pública de investir mais em serviços e na contratação de novos trabalhadores.
O projeto estabelece que nos próximos dez anos o aumento anual da folha de pagamento dos servidores públicos não poderá ultrapassar a correção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acrescida de 2,5% ou da taxa de crescimento do PIB, o que for menor. É importante ressaltar que esses índices se referem à folha salarial de forma global, incluindo, por exemplo, as despesas com novas contratações de servidores. As restrições valerão do período de 2010 a 2019.
Na reunião, os dirigentes sindicais ressaltaram a importância de articular um calendário de mobilizações com início logo após o carnaval, que vise ações no Congresso Nacional e atividades de rua, levando em consideração que este é um ano atípico em função das eleições gerais. O coordenador da Fenajufe Saulo Arcangeli, que esteve na reunião da Cnesf, lembrou que em outros momentos a unidade das categorias do funcionalismo público federal conseguiu barrar o andamento de projetos que atacam os trabalhadores, como ocorreu em junho do ano passado quando várias entidades sindicais se mobilizaram contra o PLP 92 (que cria as fundações estatais de direito privado).
“Naquele momento, conseguimos impedir que o PLP 92 fosse aprovado. Já sabemos que o PLP 549/09 e o PLP 248/09, que regulamenta a demissão de servidores por meio de avaliação de desempenho, são prioridades do governo Lula, além de uma nova reforma tributária, que mexerá nos recursos destinados à Seguridade Social. Isso nos mostra que não temos outra saída a não ser mobilizarmos, irmos para o Congresso Nacional e para as ruas e impedir mais esses ataques contra os trabalhadores”, ressaltou Saulo.
O PLP 248/09, que já está pronto para ser apresentado ao plenário da Câmara, também será alvo das ações dos servidores. Aprovada durante o governo Fernando Henrique Cardoso, essa proposta de lei complementar que altera a Constituição, tenta acabar com a estabilidade dos servidores públicos federais. Saulo argumenta que se aprovado, esse projeto abrirá as portas para demissões no serviço público por avaliações de desempenho, com critérios produtivistas.
Como encaminhamento, as entidades nacionais decidiram promover atividades na Câmara dos Deputados logo após o carnaval, incluindo conversas com os líderes dos partidos e também com os deputados para pedir que votem contra as duas propostas. Para isso, as entidades terão que trazer representantes para Brasília com o objetivo de garantir essas mobilizações.
Duas cartas serão elaboradas: uma destinada à população e aos servidores públicos federais e a outra para ser encaminhada a todos os parlamentares. Também será elaborada uma campanha de material gráfico, como cartaz, adesivo e outdoor. O objetivo dos dirigentes sindicais é deixar claro para os parlamentares que os servidores estão dispostos a expor aqueles que votarem contra os interesses dos trabalhadores, aproveitando o fato de este ser um ano eleitoral.
A próxima reunião da Cnesf será no dia 23 de fevereiro, em Brasília, quando será definida a data da Plenária Nacional dos Servidores Federais, prevista para o dia 14 de março. A orientação é que todas as entidades nacionais discutam com as bases esse indicativo de data e também a participação nas mobilizações em Brasília e nos Estados. Um dos pontos da Plenária Nacional será a organização de uma marcha em Brasília ainda no primeiro semestre deste ano.
Fonte: Fenajufe