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Notícia postada dia 27/11/2014

Notícia postada dia 27/11/2014

A dor (in)visível no ambiente de trabalho e sua relação com os suicídios

A dor (in)visível no ambiente de trabalho e sua relação com os suicídios

Medo, insatisfação, tristeza, vergonha, impotência, depressão, desenvolvimento de doenças, suicídio. Estes são os sentimentos e consequências do assédio moral no ambiente de trabalho. Este tipo de violência psicológica é uma atitude frequente para os trabalhadores, seja no serviço público ou na rede privada. Infelizmente, a maioria dos casos tem gerado doenças mentais e consequentemente suicídios, especialmente no local onde trabalham.

 

A maioria dos relatos das vítimas envolvem perseguições, críticas infundadas, xingamentos, intimidações e humilhações feitas por chefes (assédio vertical) ou pelos próprios colegas de trabalho (assédio horizontal). Pressões infindáveis para o cumprimento de metas de produtividade, poucos trabalhadores para muitas tarefas, discrepância entre o trabalho prescrito e o real, condições ergonômicas inadequadas, além de lideranças narcisistas destrutivas - responsáveis pelas violências do assédio e que agem em nome de seus interesses pessoais, mesmo que ao custo do terror e, paradoxalmente, do decréscimo da produtividade -, redes de poder, ciúmes, inveja e autoritarismo também estão na lista das violências sofridas pelos assediados.

 

Com isso, o medo se instaura nos ambientes de trabalho e induz a condutas de dominação/submissão, criando um clima de permanente competição. A maioria dos trabalhadores, quando submetidos ao sofrimento e impossibilitados de superá-lo, costuma desenvolver reações menos radicais, como transtornos musculoesqueléticos, mentais, estomacais, nervosos, cardíacos, reumáticos e dermatológicos.

 

Mas nem todos param por aí e cometem suicídio. Christophe Dejours, psicanalista, e Florence Bègue, psicóloga do trabalho, citam três abordagens que aportam elementos para se compreender a vinculação entre suicídio e trabalho: a primeira, marcada pelo estresse, associa as perturbações biológicas e psíquicas ao ambiente. Na segunda se imputa ao ato do suicídio uma fragilidade individual, oriunda de bases genéticas ou hereditárias, e por fim, a terceira, denominada de ‘sociogenética’, que analisa os aspectos sociais vinculados ao trabalho, tais como a gestão e a organização do trabalho, como fatores de ‘descompensação’.

 

Recentemente, foram três casos de suicídio de servidores do Judiciário Federal em São Paulo em pouco mais de dois meses. Duas delas, dentro do local de trabalho. Dados mostram ainda que apenas nesse ano 8 (oito) colegas já se suicidaram. Índice alarmante. O quê estas mortes querem dizer? São um pedido de ajuda. Uma tradução da frase “Não aguento mais!”.

 

Suicídios aumentam grandiosamente no Brasil e no mundo

Nos últimos 40 anos, as taxas de mortalidade mundial por suicídio subiram cerca de 60%. Um milhão de pessoas morrendo por ano, tirando a própria vida = uma morte a cada 40 segundos, praticamente todas elas em consequência de depressão ou de algum transtorno mental. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) os números devem aumentar: mais de 1,5 milhão de vidas serão perdidas por esse motivo em 2020, representando 2,4% de todas as mortes.

 

"Tem havido um crescimento expressivo do suicídio no mundo inteiro. No Brasil, a taxa é alarmante porque não se falava abertamente nisso, mas se sabia do problema”, afirmou o pesquisador da ENSP, Paulo Amarante.

 

“Esse mito de que o Brasil é um país alegre não é real. Na verdade, o que está acontecendo é um processo muito grande de individualismo, de disputa, de competitividade e tudo tem a ver, estruturalmente, com as ideias de suicídio”, ressaltou.

 

Este quadro tem sido observado no Judiciário Federal com o grande acometimento de doenças físicas e mentais, mas pouco tem sido feito. Ao contrário, o ritmo de precarização do trabalho se eleva a cada dia: cresce o volume de entrada de processos, e diminui o número de servidores. E para eles, que trabalham mais a cada dia, o salário diminui em valores reais. Em 8 anos a categoria teve seu poder aquisitivo reduzido em 52%.

 

Lideranças sindicais buscam mais espaço para debater propostas e sinalizam a elaboração de atividades de acolhimento, integração e lazer aos seus filiados, além de valorização e combate firme ao assédio moral, a fim de colaborar com a prevenção das mortes por suicídio e melhorar a qualidade de vida dos servidores.

 

Assista este vídeo sobre o assunto, e, reconheça seu colega de trabalho como pessoa, e ajude-o caso precise. Clique aqui



 

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