Acesso Funcionarios

Notícia postada dia 21/10/2014

Notícia postada dia 21/10/2014

AGU usou lei que ainda não existe para tentar justificar corte no orçamento

AGU usou lei que ainda não existe para tentar justificar corte no orçamento

Demora do STF em julgar ação da PGR desagrada servidores; para justificar corte no orçamento do Judiciário, AGU alegou quebra da meta fiscal da LDO de 2015, que é só um projeto

 

Sem conseguir quórum mínimo para que as sessões possam acontecer, a Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional adiou para após o segundo turno das eleições a apreciação do relatório preliminar da LDO, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária de 2015 (PLN 3/2014). Pois é com base nessa ‘lei’ inexistente que o governo federal contesta, no Supremo Tribunal Federal, a legalidade da proposta orçamentária original do Poder Judiciário Federal, que teve os itens referentes a reajustes salariais excluídos pela presidente Dilma Rousseff (PT).

 

O documento enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU) à ministra Rosa Weber, relatora do mandado de segurança movido pela Procuradoria-Geral da República a favor da autonomia financeira entre os poderes, alega que as propostas orçamentárias do Poder Judiciário e do Ministério Público ferem a LDO de 2015. Ignora, portanto, que a lei não existe, é apenas um projeto ainda não votado que traçará as diretrizes para definição da Lei Orçamentária Anual.

 

‘Governo pode alterar orçamento’

A AGU e o Ministério do Planejamento dizem ainda que a inclusão das previsões de recursos para os reajustes salariais fere a Lei de Responsabilidade Fiscal porque desrespeita a LDO. "Mencione-se, outrossim, o entendimento da Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no sentido de que o acolhimento integral das propostas apresentadas pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público da União ofenderia a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal", diz trecho da defesa formulada pelo governo.

 

"É falta de argumento", observa o analista político e assessor parlamentar Antonio Augusto de Queiroz, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Ele diz que o governo não pode se basear em um projeto de lei para contestar o mandado de segurança da PGR.  De acordo com ele, que presta assessoria à federação nacional (Fenajufe), é igualmente falso a ideia de que o governo não pode mais alterar a proposta de lei orçamentária. "Enquanto o relatório preliminar do projeto [de lei orçamentária anual] não for votado, o governo poder alterar sem problemas o que quiser", afirma o assessor parlamentar.

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o reenvio do Projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso com a inclusão dos itens excluídos do orçamento do Judiciário e do MPU e com previsão das respectivas fontes de recursos. A AGU, no entanto, alega que isso iria ferir o prazo constitucional de quatro meses antes do final do ano fiscal para o envio do projeto ao Congresso. "Constata-se, de logo, a impossibilidade jurídica do pedido, tendo em vista que não cabe a esta altura à Presidente da República reenviar, agora, o projeto orçamentário anual para o ano de 2015 contendo a integral proposta orçamentária de remuneração de pessoal do Poder Judiciário e do MPU, tendo em vista que o prazo constitucional, para tanto, já se exauriu", diz a AGU.

 

Justificativas do Planejamento

O documento de 25 páginas enviado pela Advocacia-Geral da União ao Supremo não se restringe a esses dois argumentos, detalhados por meio de nota técnica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão anexada à manifestação do governo. Mas eles chamam atenção e expõem a fragilidade da defesa. O Planejamento menciona o suposto equilíbrio entre dois projetos – a lei orçamentária e a lei de diretrizes orçamentárias – para alegar que não pode alterar o primeiro. A AGU, por sua vez, diz que a quebra do equilíbrio entre receita e previsão de gastos, com base na suposta impossibilidade de alteração dos projetos, fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.

 

O governo também alega, contraditoriamente, que as propostas salariais já foram incluídas no projeto de orçamento por meio de documento anexo enviado ao Congresso – e que cabe aos deputados e senadores avaliá-las. A contradição é que o próprio governo já sustenta de antemão que a inclusão de despesas no orçamento, sem a correspondente previsão de receita, é ilegal porque fere a LDO e, por tabela, a Lei Fiscal. 

 

Permeia todas as alegações do Planejamento a meta fiscal fixada pelo governo no projeto de diretrizes orçamentárias. O documento não faz menções diretas a isso, mas, o que está sendo dito ali é que, na visão exposta pelo ministério, a União não terá como assegurar a economia de recursos prevista no projeto para pagar juros e amortizações aos credores dos títulos das dívidas públicas do país, grupo formado majoritariamente por banqueiros.

 

Protestos não vão parar

Representantes sindicais dos servidores não alimentam a ideia de que a luta pela reposição salarial será resolvida judicialmente. Tanto que a categoria decidiu manter a mobilização nesta reta final de eleições. Haverá manifestações e paralisações na quarta-feira (22), dia de ato público conjunto em Brasília, e na quinta-feira (23), além de um novo protesto dos servidores do Tribunal Superior Eleitoral no dia da votação, 26 de outubro.

 

Mas avaliam que é papel tanto da PGR quanto dos ministros do STF aplicarem a lei e exigirem da presidente Dilma o respeito à autonomia. E, nesse aspecto, a demora da ministra Rosa Weber em tomar uma decisão desagrada. "As ações contra o corte no orçamento cumprem o papel político de denunciar a ingerência da presidente Dilma sobre competência dos demais poderes", afirma Adilson Rodrigues, da coordenação-geral da federação nacional (Fenajufe), que também moveu ação no STF contra o corte no orçamento. "As ações por si só não garantem a autonomia orçamentária, mas servem como elemento de pressão, criando um fato político a mais na cobrança ao governo Dilma para respeitar a Constituição", diz Fagner Azeredo, da direção do Sintrajufe-RS, o sindicato da categoria no Rio Grande do Sul. Mas, na avaliação de ambos, o que de fato pode definir a questão é a mobilização dos servidores, que precisa ser capaz de mover as administrações dos tribunais a exigir avanços nas negociações e o fechamento de um acordo que respeite a autonomia entre os poderes da República.

 

Fonte: LutaFenajufe Notícias



 

Acessem nossas...

Redes Sociais !

TRANSMISSÃO ONLINE

TRANSMISSÃO ONLINE