Os servidores do Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal Regional Eleitoral e Justiça Federal compareceram em peso ao ato no TRE, ontem à tarde. Tratou-se de uma atitude de coragem e desafio, pois foi o último dia do alistamento eleitoral. Munidos de cartazes, faixas, apitos e gritos de guerra, os trabalhadores reivindicaram a valorização do serviço público, que hoje sucumbe numa espiral de sucateamento.
Reflexo da greve, a central de atendimento para os eleitores no TRE funcionou sem a presença das pessoas que habitualmente realizam este trabalho. Foi preciso que o tribunal transferisse funcionários de outras áreas, incluindo jovens aprendizes, para tentar dar conta da demanda, o que não ocorreu. O resultado foi a longa fila que se estendeu até depois do fim do expediente.
O fato é que um levantamento de 2012 já apontava um déficit de mais 600 servidores apenas no TRE, e a demanda também é alta na Justiça Federal e Trabalhista. O resultado é percebido nas horas extras, acúmulo de trabalho e aumento do número dos casos de doenças ocupacionais entre os servidores do judiciário.
Em greve desde o dia 29 de abril, a categoria dos servidores do judiciário federal tem na sua pauta de reinvindicações a reposição salarial e definição de uma data-base, conforme determina a Constituição. A greve foi deflagrada como última alternativa, após sucessivas tentativas de se estabelecer diálogo com o governo federal. Governo este que se recusa a receber os servidores e que autoritariamente afirmou que só falará em aumento a partir de 2016.
Numa época em que bilhões são gastos em estádios, especulação financeira e auxílio às grandes montadoras de automóvel, os servidores lutam pela valorização de seu trabalho, pois sabem que não só eles, mas toda a população é beneficiada quando existem serviços públicos de qualidade.
Para continuar a luta, os servidores permanecerão construindo o movimento dia a dia, no corpo a corpo e de sala em sala, onde houver um servidor que ainda precise ser convencido.