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Notícia postada dia 23/09/2013

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"Nunca houve uma ameaça tão grande quanto o assédio moral", afirma psicóloga

"Nunca houve uma ameaça tão grande quanto o assédio moral", afirma psicóloga

Em lançamento de campanha de combate ao assédio moral, Terezinha Baiana diz que é importante não banalizar o termo

 

“O assédio moral é uma tática de gestão de pessoas para tirar do caminho os ‘obstáculos’ aos planos de poder”. A afirmação é da psicóloga Terezinha Martins, também chamada de Terezinha Baiana, e pode sintetizar parte de sua palestra sobre o assédio moral, realizada no auditório do Sintrajud na quinta-feira, 19.

 

A palestra deu início à campanha de combate ao assédio moral, que está sendo organizada pelo Sintrajud. Entre outras iniciativas, a campanha terá a distribuição de uma cartilha à categoria e a realização de um ciclo de palestras nos tribunais da capital e algumas cidades do interior.

 

Mais do que dizer o que é o assédio moral, na quase uma hora de palestra, Terezinha Baiana apresentou uma série de conceitos que nos ajudam a reconhecer a prática, que é a primeira medida para combatê-la. Para Terezinha, nunca houve uma ameaça tão grande aos trabalhadores quanto o assédio moral.

 

A palestrante argumentou que a violência e a opressão sempre existiram nas relações de trabalho dentro do capitalismo, mas o assédio moral é uma prática recente. Terezinha disse que o assédio moral é resultado da reestruturação produtiva, iniciada nos anos 1970, que deu à gestão do trabalho um instrumental para manipular as emoções dos trabalhadores.

 

“É uma gestão do trabalho que precisa (construir) um discurso de que todos fazemos parte de uma mesma família. É uma gestão feita a partir das emoções”, explicou.

 

O assédio moral, segundo disse, é uma ferramenta para ‘por para fora de casa os filhos’ questionadores (militantes e ativistas sindicais e políticos), os adoecidos ou acidentados e os “muito competentes”.

 

No caso dos militantes, o assédio moral serve para silenciá-los, para impedir qualquer tipo de reação a demissões ou planos de intensificação do ritmo de trabalho, por exemplo. Ou seja, o assédio moral visa impedir questionamentos e crítica, além de frustrar a criação de um sentimento de solidariedade no local de trabalho.

 

O assédio moral sobre os trabalhadores adoecidos serve para afastá-los do local de trabalho, pois eles são exemplos para todos de que o trabalho adoece. “Ao perceberem que um colega adoeceu pelo trabalho, os colegas reduzem a sua produtividade por receio de adoecerem”, explicou Terezinha.

 

O assédio moral sobre os trabalhadores competentes acontece porque estes evidenciam a “incompetência dos chefes, e, no serviço público, atrapalham falcatruas”, disse.

 

Terezinha ainda exemplificou algumas tácticas utilizadas para desestruturar o trabalhador: retirar dele os meios para realizar o seu trabalho cotidiano; dar a ele um tratamento diferenciado àquele dispensado aos demais trabalhadores; ignorá-lo, “o que é fatal para a sua subjetividade”; fazer pequenas insinuações sobre características físicas do assediado. “No final do processo, o sujeito está isolado do mundo”, explicou.

 

Ela ainda sustentou que não existe assédio moral horizontal (entre pessoas que têm o mesmo nível de poder) ou de baixo para cima (subordinados que assediam os seus chefes): “O assédio moral é uma tática de poder, é um ato de quem tem o poder [sobre quem não o tem]”.

 

Reconhecer é metade do caminho
Para Terezinha Baiana, reconhecer o processo de assédio moral é percorrer metade do caminho para enfrentá-lo. Reforçando a ideia de que é preciso “desnaturalizar” as relações de trabalho, Terezinha explicou que a saída é sempre política e organizativa, ou seja, os trabalhadores precisam se organizar em seus locais de trabalho para enfrentarem juntos essa prática.

 

A palestrante ainda destacou que é preciso aprofundar os estudos e análises dos casos identificados como assédio moral, para evitar que o termo seja banalizado e concluiu dizendo que tal prática está ligada ao modo de produção capitalista, “que transforma o trabalho em morte”. “É preciso ter uma perspectiva de uma sociedade socialista”.

 

Fonte: Sintrajud



 

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