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Notícia postada dia 27/02/2013

Notícia postada dia 27/02/2013

PESQUISA: O adoecimento dos servidores com a implantação dos processos eletrônicos

PESQUISA: O adoecimento dos servidores com a implantação dos processos eletrônicos

“A informatização agravou os já existentes problemas de organização e relações de trabalho no Judiciário Federal; os indicadores de saúde pioraram onde foi implementado o processo eletrônico; presença de maior controle e determinação de metas inalcançáveis; aumento da quantidade de trabalho/intensificação do trabalho; o próprio instrumento de trabalho nos modificando; a necessidade de criar uma nova forma de organizar o trabalho; as pausas são um instrumento importante de proteção à saúde; (necessidade de) discutir a redução da jornada de trabalho”. Essas foram as conclusões a que chegaram os profissionais da equipe de assessoria do Sintrajufe-RS a partir de “pesquisa geral de saúde” que promoveram junto aos servidores dos quatro tribunais federais no Rio Grande do Sul. A pesquisa foi realizada no período de setembro de 2011 a janeiro de 2012, com a distribuição de 6.273 questionários, 3.744 dos quais foram respondidos.


O estudo foi apresentado e explicado pelo médico do trabalho Geraldo Azevedo, membro da assessoria de Saúde do Sintrajufe-RS, no “I Encontro dos Assistentes e Assessores de Magistrados”, ocorrido nesse sábado, 23, na sede do SITRAEMG, em Belo Horizonte. Ele é colega, no sindicato gaúcho, do também médico do trabalho Rogério Dorneles, que em junho de 2011 esteve presente no IX Congresso Ordinário do SITRAEMG, igualmente como palestrante. Naquela oportunidade, o médico Dorneles centralizou sua abordagem, também com base em pesquisa, no tema teletrabalho. Tão pessimista em relação ao resultado da outra pesquisa detalhada pelo colega no IX Congresso do SITRAEMG, quanto às doenças acarretadas pelo teletrabalho, Geraldo Azevedo, no Encontro desse sábado, ao falar sobre “Avaliação das condições de trabalho e de saúde dos servidores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul”, chamou a atenção para a coincidência do crescimento avassalador dos índices de adoecimento dos servidores exatamente nas unidades do Judiciário Federal gaúcho em que já foram implantados os processos eletrônicos. E como já havia comentado na palestra anterior a secretária de Gestão de Pessoas do TCU, Cláudia Gonçalves Mancebo, o advento dos processos eletrônicos facilitou a adoção do teletrabalho no tribunal responsável pelas contas da União.


Coincidência dos números

“As coisas que eu tenho para mostrar aqui não são muito boas”, avisou logo o médico Geraldo Azevedo na abertura da sua exposição, destacando o contraponto da pesquisa do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul para o enfoque otimista da gestora de Pessoas em relação à bem sucedida introdução dos processos eletrônicos no TCU. Dando maior evidência aos números contundentes, ele mostrou que, do total de entrevistados, 56,8% já trabalham com análise de processos eletrônicos.  E a maior incidência de doenças foi detectada nas unidades da Justiça Federal, onde esse sistema já foi mais amplamente implantado, cujos fatores decorrentes (exigência de maior rapidez, pressão intensa, repetição de tarefas e outros) tornaram os servidores desses locais de trabalho mais susceptíveis a problemas oftalmológicos (resultantes da maior exposição à tela do computador), osteomoleculares (dores no pescoço, costas, ombro, braços e pernas, consequentes da maior imobilidade pela concentração dos processos no computador, diferentemente do manuseio dos processos impressos, que obrigava o servidor a se movimentar no ambiente de trabalho), distúrbios psíquicos e outros. Proporcionalmente ao aumento desses sintomas, estendeu-se também o consumo de medicamentos (antidepressivos, em primeiro lugar, além de antiinflamatórios, antidistônicos – para dormir – e outros) e a busca de outros tipos de tratamento como fisioterapia, homeopatia, massoterapia, acupuntura etc.. Tudo isso como medidas “compensatórias”, alertou o médico, quando, para ele, o ideal seria a adoção de medidas “preventivas”, com a dosagem da carga de trabalho e melhoria das condições e do ambiente de trabalho.  
 

Pausa no trabalho é adotada na Justiça Federal gaúcha

Uma das medidas bastante recomendadas para prevenir doenças no trabalho, ensina o médico Geraldo Azevedo, seria a adoção da pausa de 10 a cada 50 minutos trabalhados. Porém, a pesquisa revela que isso ainda não é seguido como devia pelos tribunais federais no Rio Grande do Sul: 51,2% dos servidores fazem a pausa apenas uma a duas vezes por dia; 26,7%, de três a quatro vezes; 13,9% não fazem pausas. Felizmente, informou ele, atendendo proposta apresentada pelo Sintrajufe-RS, a pausa de 10 a cada 50 minutos foi adotada recentemente em toda a Justiça Federal daquele estado.


A pesquisa também mostrou outros fatores desencadeantes de doenças nos tribunais federais rio-grandenses.  A desmotivação (pela falta de possibilidade de crescimento profissional, estabelecimento de metas, defasagem salarial, inexistência de política de capacitação e treinamento, desvalorização social e excesso de tarefas) e a discriminação (por afastamento em licenças de saúde, obesidade, credo, cor/etnia, orientação sexual) foram outros fatores apontados pelos entrevistados. No tocante à desmotivação, a Justiça Militar lidera, com 64%, o ranking do quesito “falta de possibilidade de crescimento”, mas a Justiça Federal e a Justiça do Trabalho se destacam nos demais.


“Não é o avanço da idade que mais compromete a saúde, mas o tempo trabalhado, que evidentemente será cada vez maior, e o tipo de trabalho realizado pelos servidores, que será mais homogêneo do ponto de vista da exposição aos fatores críticos para distúrbios de saúde à medida que progride a migração para os processos eletrônicos”, indica o trabalho elaborado pela assessoria de Saúde do Sintrajufe-RS. “O que é fundamentalmente necessário é a escuta (dos magistrados e administrações dos tribunais) aos servidores”, completa o médico Geraldo Azevedo.


“O desconforto gera movimento”

Alguns dos muitos comentários feitos pelos assistentes e assessores de magistrados no Encontro desse sábado: “Tudo é uma questão de postura nossa. Devemos propor o debate. Muitos assistentes, às vezes, até largam a função (devido à desmotivação, excesso de trabalho e exposição às doenças nos tribunais mineiros”; “Isso (imposição para mudanças, como a pausa periódica nos afazeres) tem que ser uma atitude de todos nós”; “Sugiro ao Sindicato promover uma pesquisa desse tipo e divulgar o resultados”; “Assim como a informatização, também os processos eletrônicos causam pânico, medo. Sugiro levar propostas para os tribunais”; “Função (comissionada) causa indignação. Eu me preocupo com a pauta dupla (duplica-se o número de juízes, mantendo-se o número de assistentes e assessores”.


“Se o que eu mostrei aqui gerou todo esse desconforto, fico feliz, porque o desconforto gera movimento”, comemorou o palestrante, diante de tantas manifestações indignadas dos participantes do evento. “A Justiça precisa ouvir o servidor e debater essas questões. Não há outra maneira, se quer produzir resultados”, reforçou.
 

Fonte:  SITRAEMG



 

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