A vigília promovida pelo SINASEMPU e ANATA, na terça-feira (24), na sede do CNMP, deu resultado. Após a sessão do órgão, o Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recebeu representantes dos servidores para uma reunião.
Participaram da reunião o diretor do SINASEMPU Aroldo Galindo, Stanlei Silva (representante da ANATA), Aroldo Rique (servidor do MPU), Anderson e Ricardo (servidores do CNMP). Gurgel foi receptivo e fez um histórico sobre a luta pelo PCS dos servidores desde o ano passado. Citou que as portas da negociação com o Executivo estavam fechadas na gestão do ex-presidente do STF, César Peluso.
PGR disse que, após a posse do novo presidente do STF, Ayres Britto, o quadro mudou, reabrindo-se a negociação. No entanto, a presidente Dilma Rousseff delegou a negociação à área econômica do governo, leia-se Planejamento e Fazenda. Na opinião de Gurgel, isso significa inviabilizar qualquer reajuste. O PGR chegou a citar, por duas vezes, que o governo federal está mesmo disposto a não conceder qualquer reajuste, a qualquer categoria, por um prazo de até três ou quatro anos.
O diretor Aroldo Galindo disse que o SINASEMPU já desencadeou uma campanha, em nível nacional, para que os servidores do MPU (além de seus amigos e familiares) informem aos dirigentes estaduais dos partidos políticos da base de apoio ao Governo Dilma, que os candidatos a prefeitos e vereadores desses partidos não terão o nosso voto. Gurgel disse que esse tipo de ação deixa claro para o governo o nível de insatisfação dos servidores.
O PGR disse que, apesar de tudo, mantém, em conjunto, com o chefe do Judiciário, ministro Ayres Britto, um trabalho de conquistar aliados para o reajuste dos servidores do MPU e Judiciário. Afirmou, mais uma vez, que na questão de reajustes salariais, o MPU e o Judiciário caminharão juntos. Disse ainda que, pessoalmente, tem preferência pelo subsídio, mas que não retirou o PL 6697 do Congresso porque pode ser uma alternativa, a depender da viabilidade orçamentária ou de como se encaminhar uma saída para o impasse.
“É um trabalho que, muitas vezes não pode ser ostensivo, de formiguinha mesmo, para conquistar aliados, uma vez que a área econômica está fechada”, disse Gurgel, “estamos trabalhando na esfera política”, completou. Ele disse ainda compreender a angústia dos servidores e que, como chefe do MPU, sente toda a pressão e preocupação de seus colaboradores.
Falou ainda da importância de manter uma “janela”, ou como citou, “uma cunha” no Orçamento de 2013, capaz de viabilizar a aprovação dos PLs 2199 e 2517.
Gurgel disse que o governo federal está colocando a opinião pública contra os servidores, alardeando que, desde o início do governo do PT (Governo Lula), as categorias já teriam recebido algo em torno de 120% de aumento. O que, absolutamente, não corresponde à verdade. Aroldo questionou Gurgel se ele vislumbrava um cenário de radicalização quanto à autonomia orçamentária. O PGR respondeu que o trabalho é para que não se chegue a isto, mas que esta hipótese não está descartada.
Aroldo Galindo alertou o PGR que a categoria não tem como suportar mais um ano, que seja, sem reajuste, e que a situação está empurrando os servidores para uma radicalização. Gurgel concordou que isso seria importante para que o Governo Dilma se dê conta da gravidade da questão.
Ao final do encontro, Aroldo solicitou que o PGR volte a receber pessoalmente os representantes dos servidores, o que foi prontamente acordado por Roberto Gurgel. Ressalvou apenas que no mês de agosto estará envolvido com o julgamento do chamado “Mensalão”.
Sem mobilização, sem pressão, junto ao governo e aos partidos da base governista, não haverá aumento. Esta pelo menos é a determinação do Governo Dilma.
Fonte: Sinasempu