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Notícia postada dia 30/01/2012

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Opinião: "Erro da esquerda foi transformar militantes em funcionários"

Opinião: "Erro da esquerda foi transformar militantes em funcionários"


Intelectual de destaque em quase todos os dias da programação do Fórum Social Mundial Temático, em Porto Alegre, o professor português Boaventura de Sousa Santos lotou nesta sexta-feira um auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul ao falar da crise da democracia na Europa e agitou a plateia ao criticar os rumos da esquerda no mundo. “A grande maldição da esquerda foi transformar militantes em funcionários”, polemizou o diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. “ A esquerda tem que pensar, mas às vezes se esquece de fazer isso”, disse.
 
Em meio a frases polêmicas, o intelectual criticou a instrumentalização dos partidos políticos e dos movimentos sociais, que, em sua análise, se tornaram burocráticos e perderam a democracia interna.
 
“Se acreditamos em um novo modelo [de política], temos que pensar na refundação dos partidos e, também, na refundação dos movimentos sociais, que carecem de democratização”, disse. “A democracia ou começa de dentro dos partidos, dos movimentos sociais, ou não começa nunca”, declarou Boaventura.
 
O intelectual alertou que a crise econômica enfrentada por países desenvolvidos, em especial na Europa, coloca em risco a democracia e abre espaço para o avanço de regimes conservadores. Para Boaventura, a “crise profunda” abre espaço para a “barbárie”. “A democracia já foi vencida”, comentou. “A direita está mostrando que dispensa a democracia”, disse. Em sua análise, o neoliberalismo esvaziou a democracia e abriu espaço para a que o fascismo ganhe espaço na política.
 
O Brasil, no entanto, não “corre o risco” de mudar de modelo econômico, disse Boaventura. Durante o debate, o intelectual relatou que, em conversa com Dilma Rousseff na quinta-feira, a presidente disse a ele que o Brasil está “vacinado contra o neoliberalismo” e que esse modelo “nunca mais entrará no país”.
 
Os riscos que a crise econômica traz para a democracia dominou parte das principais atividades do Fórum Social Temático deste ano, que trouxe como tema a “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”.  Em diversos debates promovidos por intelectuais, ativistas e movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da Europa, o temor é que regimes conservadores ganhem espaço.
 
Para o jornalista e professor francês Bernard Cassen, o risco que muitos países da Europa enfrentam hoje é de “uma virada à extrema direita”
 
Chico Whitaker, um dos idealizadores do Fórum Social, também participou do debate sobre democracia, ao lado de Boaventura e de Cassen, e analisou que “ a democracia não está funcionando bem”. Para ele, há uma crise de representatividade dos partidos e dos políticos, que os distancia da população. Há uma geração de indignados, que sentem que o sistema político não está funcionado”, disse.
 
Apesar dos diagnósticos pessimistas quanto à crise mundial e à crise na democracia, poucas soluções foram apontadas pelos intelectuais para superar os problemas.
 
Integrante da equipe de coordenação do fórum social, Whitaker colocou em xeque até mesmo os debates feitos durante o encontro de Porto Alegre. “Precisamos mudar de estratégia e deixar de falar para nós mesmos”, comentou, ao analisar que as discussões feitas no fórum social têm pouca repercussão na sociedade.
 
Fonte: Valor



 

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