Para tentar garantir uma taxa de crescimento da economia acima de 3,5% em 2012, o governo Dilma Rousseff quer elevar os investimentos públicos federais neste ano para o mesmo patamar de 2010, o último da gestão do ex-presidente Lula.
No ano da eleição de Dilma, Lula acelerou os investimentos do Orçamento da União e aplicou R$ 47,1 bilhões, equivalente a 1,27% do PIB (Produto Interno Bruto). Em seu primeiro ano, a presidente não manteve o mesmo ritmo. O investimento deve ter fechado em cerca de R$ 42 bilhões, em torno de 1,03% do PIB, queda atribuída ao ajuste fiscal adotado para frear a inflação.
A decisão será tomada, porém, apenas no final de janeiro, quando a presidente definirá o tamanho do corte no Orçamento de 2012 para cumprir a meta de superavit primário de 3,1% do PIB - toda economia para pagar os juros da dívida pública. O aumento dos investimentos para reativar a economia em 2012 é uma encomenda da presidente e tem como um de seus defensores o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.
O desejo presidencial, contudo, pode esbarrar na alta de gastos federais, com o aumento de 14% do salário mínimo, os cortes de impostos da política industrial e o fato de ser um ano eleitoral. Por isso, analistas de mercado dizem que o governo não conseguirá cumprir a meta de superavit de 3,1% do PIB - apostam que fique em 2,5%.
Cálculos preliminares de técnicos do Planejamento indicam que o governo pode ser obrigado a fazer um bloqueio de verbas acima dos R$ 50 bilhões de 2011, podendo ficar perto dos R$ 60 bilhões. Motivo: a proposta orçamentária aprovada pelo Congresso subestimou despesas previdenciárias e assistenciais em cerca de R$ 8 bilhões. Eles contam, porém, com uma receita extra, a exemplo de 2011, quando entraram R$ 44 bilhões acima do previsto.
Além disso, assessores avaliam que a decisão de Dilma de não conceder reajustes salariais para os servidores do Executivo e do Judiciário pode dar margem à elevação dos investimentos. O economista Mansueto de Almeida avalia que o governo encontrará dificuldades para atingir sua meta. Lembra que boa parte da economia com pessoal será consumida com gastos maiores de outras despesas obrigatórias, da ordem de R$ 9 bilhões.
O governo conta também com dois outros fatores para fazer a economia crescer mais: as concessões de rodovias e dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que vão aumentar os investimentos do setor privado, e um ritmo mais acelerado nas obras da Copa do Mundo.
Fonte: Folha de S.Paulo