Programa inclui 20 bilhões de euros de medidas estruturais para o período de 2012 a 2014, além de 10 bilhões de euros para estimular o crescimento
O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, propôs um pacote de 30 bilhões de euros de medidas econômicas emergenciais, informou seu gabinete em um comunicado enviado por e-mail. O programa inclui 20 bilhões de euros de medidas estruturais para o período de 2012 a 2014, além de 10 bilhões de euros para estimular o crescimento. Monti antecipou para este domingo uma reunião de gabinete, em Roma, com o objetivo de aprovar as medidas. O encontro estava marcado inicialmente para segunda-feira, quando o primeiro-ministro deve detalhar o pacote nas duas casas do Parlamento.
O primeiro-ministro afirmou que seu governo foi criado com um "mandato curto, mas uma tarefa difícil", que ele descreveu como "salvar" a Itália de ser culpada pelo fim do euro e também promover o crescimento da terceira maior economia da Europa. Monti afirmou que o governo vai taxar ativos financeiros mantidos pelas famílias, medida que, segundo ele, será aplicada em toda a Europa. O primeiro-ministro disse ainda que, agora, a Itália apoia um imposto europeu sobre operações financeiras.
Monti conversou com jornalistas logo depois que seu gabinete aprovou um projeto de lei orçamentária com o objetivo de que a Itália elimine seu déficit fiscal até 2013, ainda que a economia do país e de seus parceiros comerciais desacelere. As medidas vão impor um corte de 24 bilhões de euros em cortes de impostos e de gastos, segundo fontes do governo. O primeiro-ministro atribuiu os problemas da Itália - principalmente, seu déficit público de 1,9 trilhão de euros - a décadas de políticas marcadas por visão de curto prazo no período que antecedeu a adoção do euro.
Distribuição de sacrifícios
Segundo ele, o objetivo de seu governo é "distribuir sacrifícios" de uma maneira justa. Antigo comissário da União Europeia, Monti afirmou que vai abrir mão do salário a que tem direito como primeiro-ministro e por ocupar interinamente a vaga de ministro da Economia. Ele também prometeu "medidas significativas" contra a evasão fiscal e disse que a nova abordagem será mais incisiva que esforços do passado. Essa nova abordagem requer que os domicílios façam declarações transparentes de renda, com várias modalidades de ativos financeiros sujeitos a um novo imposto.
Monti também anunciou uma alíquota adicional de 1,5% sobre todo o capital que os italianos mantêm fora do país e foram legalizados por uma lei de anistia aprovada em 2010. Essa anistia repatriou 100 bilhões de euros em ativos não declarados, sobre os quais os investidores tiveram de pagar 5%. Esse imposto extra é uma forma de "justiça", disse Monti, acrescentando que os recursos vão permitir que um número maior de pensões seja indexada à inflação nos próximos dois anos. Essa indexação será suspensa para os benefícios de maior valor.
Monti afirmou que outras medidas darão apoio às empresas e, por tabela, à geração de empregos. Entre elas, está previsto um corte de impostos de 5,5 bilhões de euros para as companhias, que serão autorizadas a deduzir uma taxa regional que incide sobre a geração de receita (e não sobre o lucro). Outro incentivo virá na forma de uma redução de impostos de 1 bilhão de euros em corte de impostos para estimular a geração de empregos para mulheres e jovens. O primeiro-ministro assinalou ainda um esforço para reduzir o curso do aparato político italiano. Segundo ele, governos das províncias serão enxugados e suas assembleias eleitas serão suprimidas.
Fonte: Valor Online