SINDJUFE-BA

Notícia postada dia 07/10/2011

Delírio

Deixa eu ver se entendi bem. Os servidores da primeira vara da Justiça Federal na Bahia estão sendo obrigados a registrar seu horário de chegada e de saída no relógio horadatador que tem a função de registrar a entrega de documentos. Bem, eu tenho uma imaginação muito fértil. Fico imaginando o servidor chegando na primeira vara, pegando um pedaço de papel, registrando uma data e um determinado horário e....colando o pedaço no livro de ponto. Durante todo do dia, o servidor recebe documentos, registra-os no relógio horadatador e guarda-os numa pasta ou junta-os nos autos de algum processo. Fico imaginando, dia após dia.

O servidor registra sua saída no relógio horadatador e vai para casa. Fico imaginando. Dia após dia o servidor se registra, passa a orelha no relógio horadatador, se guarda numa pasta ou nos autos de algum processo, esquece de trabalhar e de ir para casa e acorda no dia seguinte na secretaria da vara. Fico imaginando, dia a dia, a rotina, o relógio horadatador entrando pelos sonhos dos servidores que ainda se lembraram de ir dormir em casa, e se tornando um monstro no pesadelo, registrando, registrando, registrando, registrando. Dia, data; dia, data; dia, data; dia, data, dia, data... - ufa, acordei!

Fico imaginando os servidores acordando do pesadelo com aquela sensação de alívio que só os que já tiveram pesadelo conhecem. - Uffff. Ainda bem que era só um pesadelo. Fico imaginando os servidores imaginando que...Não, Não, meu Deus. Não pode ser. É verdade, é real. Vou ter que ir trabalhar na primeira vara. Vou ter que registrar meus documentos nos autos de um processo, passar a pasta no relógio horadatador, juntar minha orelha registrada no livro de ponto, grampear meus sonhos para não entrar pesadelo, ir no pró-social dizer ao doutor que estou com delírios alucinatórios, depressão, síndrome do pânico, ou seja lá mais o que for.

Realismo fantástico, que ultrapassa, de longe, Gabriel Garcia Marques.

Aliás, até agora estou absorto. Deve haver algum equívoco, algum mal-entendido, o sindicato exagerou ou estou louco, alucinado.

Vou consultar um psiquiatra antes de chegar a qualquer conclusão. Devo estar delirando.